Goiânia 90: leia três poemas de escritores goianos sobre a Capital

Goiânia 90: leia três poemas de escritores goianos sobre a Capital

Goiânia completa 90 anos


Meu torrão de açúcar, de Edival Lourenço; Goiânia, de Elizabeth Caldeira Brito; e Goiânia morena, de Lêda Selma


Meu torrão de açúcar

Por Edival Lourenço


Quando a língua atinge o ápice

do recôncavo de minha boca

para articular o circunflexo

da palavra Goiânia

no seu étimo nasalado

do planalto em que moro

é como se desmoronasse

um torrão de açúcar sonoro

pelo céu do palato e espalhasse

pelos vales recônditos da boca

de papilas e alvéolos

com doces resvalos no espírito

de quem dorme sonhando alto

e acorda a levitar, inebriado

com o povoado-metrópole

dando suporte aos desejos,

perfumes e flores aos delírios.

Goiânia, em seu nome

é que moro e ao mesmo

tempo me dissemino.

Em seu nome, Goiânia,

é que me reorganizo!


Goiânia

Por Elizabeth Caldeira Brito


Pedro por mim se apaixonou

sonhou o sonho sonhado.

Planejou-me capital moderna,

pulsando o coração no cerrado.

Não tinha esta vida agitada…

Era tranquila, ruas vazias…

Bangalôs, casas, quintais,

pessoas a cultivar amigos.

Hoje vertiginosa metrópole,

capital da beleza e flores

artérias entupidas de carros

apressados, resguardando amores.

Aos oitenta, balzaquiana

cuidando presente e futuro.

Nem me dei por tamanha mudança!

— Onde perdi minha infância?

— Em que espaço ficou meu ar puro?

(Do livro “Dimensões do Viver”. Goiânia, Kelps)


Goiânia morena                             

Por Lêda Selma


Goiânia morena

de corpo esguio

e ancas largas,

de manhãs soltas ao vento,

de tardes acaloradas,

de ventre escancarando

a prenhez de sol e de flores.

Nas tardes, sempre faceira,

com os desejos flamantes,

Goiânia goiana, amante,

dos poetas, das poetisas,

das noites tão luzidias,

a queimar emoções fortuitas

em seu braseiro de estrelas.


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