Emiliano Lobo de Godoi, professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás (UFG)
Uma das melhores formas de mostrar que é possível ter bons resultados é por meio do exemplo. O pensador chinês Confúcio, nascido entre 552 a.C e 489 a.C, já ensinava que “As palavras ensinam, mas os exemplos arrastam.” O bom exemplo do buraco do ozônio
Em uma época em que palavras perderam seu valor, acordos não são cumpridos e compromissos não são respeitados, precisamos nos apoiar em bons exemplos para manter uma expectativa positiva do futuro. É preciso resgatar a força de compromissos sérios, que olhem para o bem comum, fazendo prevalecer o interesse coletivo sobre a vontade individual.
Compromissos assim são possíveis, e temos um bom exemplo para nos inspirar, que é o Protocolo de Montreal.
No final da década de 70, pesquisadores ingleses começaram a observar que os níveis de ozônio, começaram a cair. Esse gás é encontrado principalmente na estratosfera, localizada entre 10 e 50 km acima da superfície da Terra. Sua importância para os seres vivos é filtrar a radiação ultravioleta que chega a terra e que pode provocar severos danos à visão (como a catarata), envelhecimento precoce e desenvolvimento do câncer de pele. Desta forma, a camada de ozônio age com uma espécie de escudo protetor.
Embora a causa desse fenômeno, chamado de buraco de ozônio, fosse até então desconhecida, a suspeita caiu sobre um conjunto de gases muito utilizado em sistemas de refrigeração, chamados de CFC´s. Com isso, uma grande mobilização global foi feita e no dia 16 de setembro de 1987, 46 países assinaram o Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a Camada de Ozônio.
Esse acordo exigiu cortes de 50% em relação aos níveis de 1986, tanto na produção, quanto no consumo de cinco principais CFC´s até 1999. Para tanto, estabeleceu responsabilidades comuns, mas diferenciadas, escalonando cronogramas de redução de consumo para os países desenvolvidos e em desenvolvimento e ainda criou um fundo multilateral para fornecer assistência técnica e financeira, a fim de ajudar os países em desenvolvimento a cumprir com as suas obrigações. Com isso, definiu as metas e os meios para se atingir as metas.
Buraco do ozônio
Estudos científicos demonstram que esse acordo, e suas emendas, ajudaram a evitar até dois milhões de casos de câncer de pele por ano e milhões de casos de catarata em todo o mundo. Mais uma vez, a ciência se mostrou como a principal ferramenta para a manutenção da qualidade de vida humana na terra.
O forte exemplo do Acordo de Montreal nos mostra que decisões de políticas ambientais não podem ser pautadas por motivações ideológicas de direita ou esquerda. Na questão ambiental não existe lado. Todos nós ganhamos ou perdemos com tais decisões.
Como o próprio nome indica, a preservação do ambiente está no caminho do meio e no bom senso. Decisões ambientais devem ser definidas com a solidez da ciência, com o bom senso dos acordos justos, com a consciência de pessoas íntegras e com a clareza de que vivemos todos em um mesmo planeta.
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