Conferência da ONU sobre a Água: acelerando ação para futuro sustentável + Artigo do Altair Sales

Conferência da ONU sobre a Água: acelerando ação para futuro sustentável + Artigo do Altair Sales


Bilhões de pessoas em todo o mundo ainda vivem sem água potável e saneamento
gerenciados de maneira segura.


Por: Instituto Altair Sales


A cidade de Nova Iorque recebe a Conferência da ONU sobre a Água entre
os dias 22 e 24 de março de 2023.

O encontro decidirá ação conjunta para alcançar os objetivos e metas
internacionais acordados sobre o tema, incluindo os que estão presentes na
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

O principal resultado da Conferência será o lançamento da Agenda de Ação da
Água, que representa comprometimentos voluntários de todos os níveis, incluindo
governos, instituições e comunidades locais.


O credenciamento para a imprensa cobrir o evento está aberto até 10 de
março.

Bilhões de pessoas em todo o mundo ainda vivem sem água potável e
saneamento gerenciados de maneira segura, embora o acesso aos dois serviços
tenha sido definido há muito tempo como um direito humano. Muitas fontes de
água estão se tornando mais poluídas e ecossistemas que provêm água estão
desaparecendo.

As mudanças climáticas estão prejudicando o ciclo da água, causando secas e
enchentes. Água é um assunto de todos e a Conferência é inclusiva e
multisetorial.


Por Nações Unidas Brasil
| https://brasil.un.org/pt-br/218239-confer%C3%AAncia-da-onu-sobre-%C3%A1gua-acelerando-a%C3%A7%C3%A3o-para-futuro-sustent%C3%A1vel


PARA COMPLETAR O ARTIGO:
Morrem, silenciosos, os
rios do Cerrado do Professor Altair Sales Barbosa

Morrem, silenciosos, os rios
do Cerrado


Não sei onde mora a aurora daqueles 

que um dia despertaram para a esperança. 

Só uma certeza eu tenho: 

No silêncio acelerado do tempo, 

nossos rios vão morrendo.

Por Altair Sales Barbosa

Nunca compreendi a atitude de certos funcionários públicos, que, utilizando-se de imagens de satélite argumentam que 40% ou 50% de Cerrado ainda estão preservados.  

A imagem de satélite  para essa finalidade mostra  apenas o dossel da vegetação arbórea restante, não mostra a vegetação que constitui os estratos inferiores do Cerrado, incluindo a vegetação rasteira, constituída basicamente por gramíneas, com uma grande variedade de capins nativos e bambuzinhos, que na realidade exercem uma função ecológica vital para Cerrado, pois é o tipo de vegetação que retém as águas das chuvas, que lentamente vão abastecer os lençóis subterrâneos e formar os aquíferos – a insulina dos rios.

Fico a indagar: A quem interessa esse tipo de informação descalçada de uma visão sistêmica do Cerrado? Será que é utilizada para justificar mais ocupações intensivas ou reflete simplesmente falta de conhecimentos?

Não entendo também, ou talvez não queira entender, a visão obtusa de certos profissionais liberais, funcionários públicos ou freelancers, contratados para falarem que a vazão dos rios tenha diminuída em função de mudanças climáticas.

Ora, todos nós que estudamos o rol das ciências da evolução, incluindo estratigrafia, climatologia, sedimentologia, sabemos que mudanças climáticas não ocorrem bruscamente, demandam centenas, às vezes milhares de anos para um novo padrão se estabelecer. 

O que pode acontecer é um período de estiagem mais prolongado, em decorrência de fatores naturais, tais como circulação marinha, que afeta a circulação atmosférica, resfriamento ou aquecimento das águas oceânicas, ação dos ventos solares, ou mesmo das correntes de convecção existentes no Manto da Terra. Porém, são fatores isolados e isoladamente não estabelecem padrões, a não ser que pendurem por um longuíssimo tempo. 

Estudos de estratigrafia e sedimentologia, apoiados em diversas datações radiométricas, têm demonstrado que o padrão climático, com uma estação seca e outra chuvosa, tem

operado nos chapadões centrais da América do Sul, área ocupada por Cerrado, desde pelo menos 45 milhões de anos.

Do final do Pleistoceno e inicio do Holoceno, quando populações humanas já ocupavam as grutas e cavernas existentes no Cerrado, a estratigrafia mostra de forma clara essa oscilação, sendo a estação chuvosa demonstrada por camadas claras e a estação seca explicitada por sedimentos escuros. 

Esse padrão é tão evidente que não deixa dúvidas quanto a sua existência pretérita. Portanto, o discurso da diminuição da vazão dos rios, associado às mudanças climáticas, não passa de uma falácia.

Não é preciso ser especialista para enxergar a devastação irreversível causada nas áreas do Cerrado, pela ocupação desordenada. Basta acessar uma imagem de satélite da região, para constatar grandes quadrículas nos interflúvios, com monoculturas e grandes círculos desmarcados pela irrigação de pivôs.

Os motores que fazem funcionar as máquinas da irrigação são tão possantes que são necessárias baterias de motores auxiliares para colocá-los em operação.

Quando esse complexo começa a funcionar, os rios sofrem impactos gigantescos, alguns param de correr totalmente, do ponto de captação para baixo. Se fossemos animais aquáticos o que faríamos? E, se fossemos população ribeirinha, vivendo da produção familiar, ou se vivêssemos em alguma cidade ou povoado abaixo destes sistemas, qual seria a nossa reação?

Com relação aos animais, a resposta é fácil, mas com relação aos humanos a resposta é difícil, pois o ser humano age muitas vezes por interesses individuais, às vezes tem conhecimento dos problemas, porém pode lhe faltar a consciência, elemento fundamental que o transforma em cidadão e o faz agir coletivamente, ou seja, em benefício da coletividade. 

Muitos sentem medo de lutar contra os lobos – os donos do capital –, mal sabendo que estes já lhes tiraram quase tudo: os ideais, o bem-estar, os amigos, falta apenas lhes tirarem a alma, se é que isso já não tenha acontecido. Seria bom neste momento indagar: Em que aurora se escondem e como esperam o amanhecer?

Já escrevi centenas de artigos sobre o assunto, falando sobre as consequências da retirada da cobertura vegetal nativa para os aquíferos, para o futuro das águas, chamando a atenção para as consequências que virão em breve, se este modelo predatório de relação com o território continuar.

Quase nada teve ressonância. Um ou outro idealista ou grupo de idealistas empenham a

bandeira da construção de um futuro melhor, mas diante de tanto poder só encontram ao final da luta uma espécie de cadáver no calabouço.

E o entusiasmo que os impulsiona, qual uma luz de candeia, vai se apagando pouco a pouco.

Nunca entendi a voracidade da ganância dos grandes empresários rurais, muitos dos quais nem conhecem a região. Mas suas ações aniquilam tudo. Não têm compromisso com o Estado nem com as futuras gerações.

Por isso, menos ainda entendo a ação dos políticos e de alguns advogados nacionais, que com unhas e dentes protegem esses exterminadores e provocadores de entropias ambientais e sociais. Serão cegos? Mal intencionados?  Onde foi que escondeu a luz dos olhos deles? 

Não tenho respostas.

Também não sei onde mora a aurora daqueles que um dia despertaram para a esperança. Só uma certeza eu tenho: no silêncio acelerado do tempo, nossos rios vão morrendo.


Altair Sales Barbosa
 – Dr. Em Antropologia e Geociências – Smithsonian Institution de Washington-DC. (USA).  Pesquisador do CNPq. Membro Titular do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás. Pesquisador Convidado da UniEVANGÉLICA de Anápolis Go. Membro do Conselho Editorial da Revista Xapuri. Membro e Presidente do IAS – Instituto Altair Sales.

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