Lojas enfeitadas, carrões, luzes e fumaça… É quase Natal…
Sinvaline Pinheiro
Ano findando, pessoas correm no zigue-zague do tempo…
Lojas enfeitadas, carrões, luzes e fumaça…
A ilusão sobe na calçada e nas roupas…
Mas há um Natal pouco conhecido…
Avenida apinhada de gente, hora do almoço.
A mendiga negra e alta segura um bebê enganchado na cintura
e mais um casal de 3 a 5 anos agarrados à saia longa e suja…
Param na frente do restaurante, o cheiro de comida quente invade a avenida.
O olhar esbranquiçado da mãe olha o movimento e acena para a filha maior pedir almoço.
Pequena, ela pode driblar o guarda que impede a passagem de mendigos e cachorros…
Alguém aponta a menina suja e uma mulher a empurra para a rua…
Mãe e filhos saem rápido…
Em desespero a mendiga puxa os cabelos da pequena, esbofeteia a criança em represália por não conseguir saciar a fome que ronca…
No fundo ela bate em si mesma, espantando a insuficiência da hora…
Seguem na calçada repleta de gente, brinquedos luzes, sons, soluços e fome, muita fome…
É QUASE NATAL!
Sinvaline Pinheiro
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