O movimento é considerado gravíssimo para a sobrevivência dos hipopótamos já listada como “vulnerável à extinção”.
Fonte: BBC News
O aprofundamento das restrições ao tráfico de marfim levou a um aumento do comércio de dentes de hipopótamo, segundo ativistas da causa animal e da vida selvagem. O movimento é considerado gravíssimo para a sobrevivência de uma espécie já listada como “vulnerável à extinção”.
Em junho, o Reino Unido anunciou a proibição quase total do comércio de marfim de elefante após uma instituição de bem-estar animal demonstrar o que aconteceu em três mercados amplamente utilizados na internet.
“Descobrimos o aumento no comércio de marfim de hipopótamo no Reino Unido um mês após a introdução da proibição quase total do marfim de elefante”, disse Frankie Osuch, principal autor de um relatório divulgado pela Born Free em setembro. Isso foi uma “evidência profundamente preocupante do aumento da demanda por marfim de hipopótamos, cujos números na natureza estão ameaçados”, disse o relatório.
Pesquisadores apontam que esse padrão ficou claro já em 1989, quando uma proibição mundial do comércio de marfim foi acordada pela primeira vez, e só se intensificou quando os governos introduziram novas medidas para endurecer a proibição.
Os dentes e as presas dos hipopótamos costumam ser usados para entalhes decorativos, mas são mais baratos e fáceis de obter do que o marfim. Partes do corpo de hipopótamos ainda podem ser comercializadas sob a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES), embora todas as vendas internacionais exijam uma licença de exportação.
Calcula-se que entre 1975, quando os registros da CITES começaram, e 2017, cerca de 770 mil kg de dentes de hipopótamo foram comercializados legalmente. Mas também existe um comércio ilegal. Em 2020, os dentes de hipopótamo estavam entre as partes do corpo de mamíferos mais apreendidas na União Europeia, de acordo com um relatório da Comissão Europeia.

“Há cada vez mais casos de cães farejadores detectando dentes de hipopótamos em diferentes aeroportos da África atualmente, e a detecção não significa que todos eles foram capturados, talvez apenas metade deles”, disse Philip Muruthy, vice-presidente da Fundação Africa Wildlife.
Um estudo da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) em 2016 estimou que a população mundial de hipopótamos comuns estava entre 115 mil e 130 mil indivíduos – uma queda de 30% desde 1994.
Dez países da África Ocidental e Central afirmam que houve um declínio acentuado nos números, principalmente devido à caça ilegal e à degradação do habitat do animal. Eles propuseram uma proibição total do comércio na véspera de uma reunião da CITES no Panamá no mês passado, mas isso só seria possível sob as regras da CITES se houvesse uma queda de mais de 50% na população nos últimos 10 anos, e uma análise da IUCN não apontou esta conclusão.

Os 10 países da África Ocidental e Central sugeriram então um movimento chamado “anotação” que teria resultado em uma cota zero de espécimes silvestres comercializadas para fins comerciais. Mas esta proposta não foi apoiada pela União Europeia e pelos países da África do Sul e do Leste, que dizem que as populações de hipopótamos permanecem em um nível saudável.
Alguns dos países da África Oriental e do Sul – Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue – também são a fonte de três quartos dos estimados 13.909 hipopótamos cujas peças e produtos foram comercializados entre 2009 e 2018. Joanna Swabe, diretora-sênior de relações públicas da Humane Society International, aponta que pouco trabalho foi feito desde 2016 para estabelecer o real número de hipopótamos na natureza.
“Houve muito pouca pesquisa científica sobre a população real de hipopótamos em todos esses países”, diz ela. “Ao mesmo tempo, os países sabem o que está acontecendo com seus hipopótamos dentro de seus territórios, então eles não devem ser ignorados”.
Os hipopótamos têm uma baixa taxa de natalidade, produzindo apenas um filhote a cada dois anos, portanto, uma redução no tamanho da população pode ter um impacto de longo prazo.
Fonte: BBC News https://www.bbc.com/portuguese/internacional-64148361
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