A seca na Amazônia tem uma relação sistêmica com o Cerrado e essa relação é baseada na influência da regularidade das chuvas na Amazônia sobre o Cerrado e vice-versa
A seca na Amazônia tem preocupado cientistas e especialistas em clima, já que desde maio, chuvas abaixo da média são registradas principalmente na região central do Amazonas. As características têm causado uma série de impactos ambientais e sociais, e a especificação indica que a estimativa deve persistir até o final do ano, quando coincidirá com o ápice da característica El Niño.
A seca, que se agravou entre julho e setembro, já é considerada a mais severa em 40 anos, pelos institutos governamentais. Para se ter ideia, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) aponta que até dezembro deste ano as previsões de chuva indicam volumes abaixo da média. O alerta foi feito na quarta-feira, 4/10. O órgão de pesquisa é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
A situação pode ser uma consequência do inverno mais quente provocado pelo El Niño. Segundo o Cemaden, entre julho e setembro, ocorreu uma anomalia de chuvas de -100 a -150 milímetros em grande parte do Amazonas, Acre e Roraima. Esse déficit acumulado de drenagem foi detectado em níveis críticos de umidade do solo ao longo do mês de setembro.
Uma das preocupações decorrentes desse cenário é o impacto nos níveis dos rios. A estação de medição do rio Negro em Caricuriari, por exemplo, registrou um nível de apenas 3,37 metros no dia 27 de setembro, muito abaixo do mínimo histórico para o mês, que é de 7,11 metros.
O rio Solimões também enfrentou a mesma situação, com um nível de 2,9 metros em Coari, quando a mínima histórica para setembro é de 2,44 metros. Essa redução nos níveis dos rios é preocupante, já que a estação chuvosa, prevista para novembro e dezembro, costuma elevar esses níveis. No entanto, com as barreiras de chuva abaixo da média, alguns rios podem não atingir os níveis normais em 2023.
Relação sistêmica da floresta Amazônica com o Cerrado

A seca na Amazônia tem uma relação sistêmica com o Cerrado, outro importante ecossistema brasileiro. Essa relação é baseada na influência da regularidade das chuvas na Amazônia sobre o Cerrado e vice-versa. Quando a Amazônia sofre desmatamento, isso pode afetar o regime de chuvas no Cerrado. A umidade gerada pela floresta Amazônica é dispersa por todo o país, o que inclui o Cerrado. Isso desempenha um papel crucial na manutenção do ciclo de chuvas.
Da mesma forma, o desmatamento no Cerrado também tem impactos significativos no clima e nas chuvas. O Cerrado, se desmatado, pode dificultar o ciclo das chuvas e a disponibilidade de água, afetando não apenas uma região, mas também outras áreas do Brasil. Os solos profundos e argilosos do Cerrado dependem de cobertura vegetal para manter seu equilíbrio hídrico.A seca na Amazônia e sua relação com o Cerrado destacam a importância da conservação desses sistemas biogeográficos para o equilíbrio ambiental e climático do Brasil.
O desmatamento em qualquer uma dessas regiões pode desencadear uma série de impactos que afetam não apenas a biodiversidade local, mas também o ciclo de chuvas, a disponibilidade de água e a produção de energia em todo o país.
A compreensão dessa relação sistêmica e a adoção de medidas de conservação são fundamentais para enfrentar os desafios relacionados às mudanças climáticas e à preservação dos recursos naturais brasileiros.
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